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A Viognier é uma variedade de uva branca que tem conquistado cada vez mais apreciadores ao redor do mundo devido à sua elegância, expressão aromática e textura envolvente. Originária do norte do Rhône, na França, esta uva prospera nas encostas íngremes da região de Condrieu. Embora tenha enfrentado dificuldades no século XX e quase tenha sido extinta, a Viognier conseguiu ressurgir com sucesso, especialmente graças aos viticultores da Austrália e de outros países.
Quer aprender mais sobre a Viognier? Neste artigo, você vai descobrir a história, características e potencial desta uva, além de como ela produz vinhos elegantes e complexos.
Renascimento da Viognier: descubra sua história
A Viognier tem raízes profundas no norte do Rhône, na França, especialmente na região de Condrieu. Há uma teoria de que a uva teria sido trazida da Dalmácia para a França pelo imperador Probus, mas não há evidências históricas concretas de sua origem croata.
Análises de DNA revelam que a Viognier tem parentesco com a variedade Mondeuse Blanche, possivelmente sendo uma meio-irmã ou até avó da Syrah. No entanto, a ordem exata dessas relações ainda é incerta.
Evidências arqueológicas indicam que a variedade é cultivada na região desde a época romana. Apesar disso, a uva perdeu popularidade ao longo dos séculos e quase desapareceu na década de 1960, devido às exigências específicas de seu cultivo e seu baixo rendimento.
O renascimento da Viognier começou na década de 1970, com produtores de Eden Valley, na Austrália, que reviveram a variedade quase extinta. Simultaneamente, viticultores dos Estados Unidos, especialmente na Califórnia, começaram a plantar Viognier, o que levou ao aumento de sua popularidade para outras regiões da França e países como Espanha, Itália, Chile, Argentina, África do Sul, Nova Zelândia e Brasil.
Terroir e cultivo
A Viognier produz cachos compactos e bagas de tamanho médio com casca fina e cor amarelo-dourado. Possui alto teor de açúcar, o que resulta em vinhos com elevado teor alcoólico, e boa acidez natural, que contribui para o equilíbrio e estrutura dos vinhos.
A variedade é sensível e exige cuidados intensivos, o que a torna um desafio para os viticultores. A Viognier prefere climas quentes e secos, mas o calor excessivo e a seca podem prejudicá-la. Climas úmidos e quentes também são problemáticos devido à suscetibilidade a doenças fúngicas como míldio, oídio e podridão cinzenta.
A Viognier se desenvolve melhor em solos calcários bem drenados. O momento da colheita é crucial para garantir o equilíbrio entre acidez, açúcar e aromas. Apesar dos desafios, essa casta recompensa os produtores com vinhos aromáticos e com potencial de guarda impressionante.
Estilos dos vinhos

Uma característica marcante da Viognier é sua exuberância aromática, com notas florais de violeta, rosa, flor de laranjeira e jasmim. Aromas de frutas de caroço, como pêssego, damasco e nectarina, misturam-se a frutas tropicais como manga e abacaxi, e cítricos como limão, laranja e tangerina.
As notas cítricas muitas vezes aparecem como um creme de tangerina suave ou doce de bergamota, e não como frutas frescas e ácidas. Na maioria dos casos, os vinhos são vinificados no estilo seco, embora possam dar a impressão de ter açúcar residual.
Além disso, nuances minerais como cera de abelha e especiarias como pimenta branca, gengibre e cardamomo podem surgir dependendo da região. A fermentação em barricas de carvalho pode adicionar notas de baunilha, mel, caramelo e coco.
No paladar, os vinhos são encorpados, com textura sedosa e equilíbrio notável entre acidez e untuosidade. Dependendo do estilo de vinificação, podem variar de secos até vinhos de sobremesa.
Principais regiões produtoras
O Rhône, especialmente o norte, continua sendo a referência para a Viognier, com a região de Condrieu produzindo alguns dos vinhos mais célebres do mundo. Nesta denominação, os vinhos devem ser elaborados 100% com a variedade.
A denominação Château-Grillet, também no norte do Rhône, produz vinhos exclusivamente com essa uva. Esta pequena indicação é composta por um único produtor, Neyret-Gachet, que lança cerca de 10 mil garrafas por ano.
Além do Rhône, outras regiões francesas permitem a adição de Viognier em blends, como em Côte-Rôtie, onde até 20% dessa variedade pode ser misturado com a Syrah para melhorar a cor e a intensidade aromática do vinho.
A Viognier também se expandiu para outras regiões vinícolas, destacando-se na Califórnia (EUA), Barossa Valley e Adelaide Hills (Austrália), Stellenbosch (África do Sul) e em países da América do Sul como Chile e Argentina.
Viognier no Brasil
No Brasil, a Viognier é relativamente nova, mas vem ganhando destaque entre os produtores. A Serra Gaúcha é conhecida por produzir excelentes exemplares, e o Vale do São Francisco também está começando a se destacar.
A Serra da Mantiqueira é considerada uma região promissora para a produção de desta uva, com terroir único e produtores habilidosos. Os vinhos dessa região apresentam a complexidade aromática típica da uva, com acidez equilibrada e final persistente.
Harmonizações gastronômicas
A Viognier é versátil e combina bem com diversos pratos. Sua textura untuosa harmoniza com queijos de massa mole e delicados como Brie, Gruyère e Comté, além de peixes como salmão e robalo, carnes brancas com molhos cremosos, risotos e massas encorpadas.
Para pratos mais leves, como saladas de frutos do mar ou frango grelhado, um vinho de estilo fresco e mineral é ideal. Já pratos mais condimentados, como culinária asiática, podem ser equilibrados com um Viognier mais encorpado e com passagem por barrica de carvalho.
A harmonização com sobremesas também é possível, especialmente com doces à base de frutas cítricas e cremes brancos.
Viognier: uma celebração aromática
A Viognier é uma uva intrigante que produz vinhos elegantes e complexos. Sua exuberância aromática, textura sedosa e versatilidade gastronômica a tornam uma escolha fascinante para enófilos em busca de novas experiências sensoriais. Com sua crescente popularidade, a Viognier está apenas começando a mostrar seu potencial e continuará a conquistar paladares por muitos anos.
(Foto: Canva)