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A Carignan ou Cariñena, nome que recebe na Espanha, é uma variedade de uva de cachos grandes, com bagas de casca grossa e uma atraente tonalidade roxa-azulada. Quer saber mais sobre esta casta? É só seguir a leitura.
Origem e regiões
Estudiosos afirmam que a origem da Carignan seja na Espanha, especificamente na região de Aragão, em uma Denominação de Origem chamada Cariñena, localizada no nordeste do país. O curioso é que ela já não é tão cultivada por lá e encontrou terreno mais próspero em Priorat, onde é misturada com Garnacha (Grenache, na França) para realçar a estrutura dos taninos dos vinhos. Ademais, em Rioja – onde a Cariñena chama-se Mazuelo – dá vinhos com alto teor de acidez, tanino e cor.
Na França, ela era a casta mais plantada desde meados do século XX, porém na década de 1980, extrações excessivas da videira reduziram pela metade o total de plantações. Quase três quartos de Carignan estão no Languedoc-Roussillon, no sul do país.
Da mesma forma que ocorre na Espanha, aqui ela também mistura-se com a Grenache. Contudo, os estilos de vinho variam bastante, dependendo do amadurecimento da uva e do clima. Porém, pode-se dizer que a maioria tende a ter um caráter picante. Além da Grenache, existem blends com Syrah, Cinsaut e Mourvèdre.
Fora da França e da Espanha, essa uva tem áreas de cultivo notáveis na ilha italiana da Sardenha, onde recebe o nome de Carignano. O clima quente do Mediterrâneo é excelente para as vinhas velhas de lá, o que resulta em vinhos de sabor picante, ricos e ousados.
Na Califórnia, é conhecida como Carignane e utilizada em cortes tintos. O Chile também tem plantações de Carignan, que nos últimos ano tem despertado o interesse de enófilos e enólogos.
Cultivo da Carignan
Climas secos e quentes são ideais para o plantio de Carignan, pois permitem que a uva expresse alta acidez, cor intensa e taninos robustos. Por isso que essa variedade é um componente importante de blends, visto que ela contribui com corpo e cor.
Na maioria dos casos, ela é cultivada como arbusto. No entanto, algumas vinhas são velhas, o que exige colheita manual. Sua maturação é tardia, o que proporciona altos rendimentos, mas com intensidade de sabor limitada. Durante muitas décadas, grandes safras eram consideradas uma característica atrativa da variedade, mas como a concentração do sabor é fundamental, felizmente os viticultores passaram a pensar o contrário, controlando sua produtividade.
Estilos de vinho
Se você gosta de estilos mais leves, como Zinfandel ou Merlot, provavelmente a Carignan também será de seu agrado. Entre suas características marcantes estão alta acidez, taninos robustos e macios, corpo médio a alto, e frutado intenso.
De sabor equilibrado, o vinho é rico em aromas e sabores de frutas pretas e vermelhas, como ameixa, cranberry, framboesa, cereja e morango, notas florais suaves e nuances de especiarias que contribuem com profundidade aromática. Por vezes, notas de carne e bacon também surgem, mas de certa forma são suaves em comparação a um Cabernet Sauvignon envelhecido.
Harmonização
A Carignan produz um vinho versátil e fácil de combinar com uma variedade de pratos. Por apresentar corpo médio, pode combinar muito bem com uma boa tábua de queijos. Aposte em queijos cremosos ou semiduros de leite de vaca ou de ovelha. Experimente com gouda envelhecido, parmesão ou manchego.
Faz bonito ao lado de massas cremosas com queijo, como espaguete à carbonara ou mesmo um fondue. Pizza de calabresa também é ótima indicação.
Pratos de aves (como peru e pato), vitela ou mesmo porco assado são excelente companhia. As poderosas notas de frutas vermelhas e terrosas dessa cepa combinam perfeitamente com a carne de vitela e porco, enquanto os sabores de anis estrelado e especiarias de canela complementam a maciez das aves.
Dica
Lembre-se de adicionar curry, cominho, ervas secas, como endro e orégano, e outros condimentos aos pratos para expandir a natureza picante dessa variedade.
A Carignan também vai com vegetais, incluindo abóbora, tomate, berinjela, alho-poró assado, cebola grelhada, cogumelo shitake e arroz selvagem.
(Foto: Canva/barmalini)